Há quase três anos tenho como rotina utilizar a bicicleta como meio de transporte. Nesse período vejo
gradualmente aumentar o número de pessoas que passaram a usar a bicicleta como
um meio de locomoção não só para o lazer, mas para se deslocar para seu local
de trabalho, estudo ou fazer suas compras.
O uso da bicicleta não somente
relacionado ao esporte ou ao lazer aos fins de semana mas como um meio de
deslocamento nessas outras situações varia bastante dependendo da localidade.
Essa variação não é somente fruto da falta ou ineficiência de políticas
públicas, embora esse fator seja fortemente determinante no Brasil em termos de
planejamento urbano, mas está também relacionado à experiência que cada um tem de
cidade. A vivência do espaço urbano, de como se deslocar nas vias, dos
trajetos, do consumo de bens e serviços, tudo isso contribui para que a
experiência de viver na cidade evoque mais ou evoque menos o uso deste meio de
transporte.
Nesse sentido, pensar em políticas
ou até em ações pontuais que fomentem o uso da bicicleta tem necessariamente
que considerar essas vivências pessoais e como elas impactam no coletivo.
Dito isto, podemos avaliar a
paralisação no transporte rodoviário e a crise dos combustíveis que se
instaurou, como uma situação que propiciou uma oportunidade para pensarmos. Os
momentos de crise são momentos para rever perspectivas em função dos
transtornos que causam, pois esses transtornos nos obrigam a buscar outras
formas de executarmos tarefas rotineiras, outras formas de nos relacionarmos ou
buscar recursos para problemas que se impõem.
No caso de Ribeirão Preto, e
acredito que isto seja verdade para várias outras cidades, os limites da
dependência do automóvel e motocicletas ficaram bem evidentes, bem como a falta
que um sistema de transporte que atenda o coletivo em detrimento do individual
faz. é esse é o momento de repensar as "razões" habituais para
justificar o uso do carro em detrimento de outras formas de transporte. A moto
como uma alternativa para oferecer independência "mais barata" ao carro foi colocada
em cheque, a falta de ônibus e outras formas de transporte coletivo, a
necessidade de espaço para que bicicletas se desloquem com mais segurança nas
vias...tudo isso ficou em evidência com a falta de combustível.
Sem querer dar uma de Poliana,
acho que tivemos aspecto positivo nesta confusão: muitos perceberam que manter
esse tipo de planejamento para se mover pela cidade...não dá mais pé! ;-)
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